Como Somos
Nossa escola busca o desenvolvimento da criança implícito em sua construção de noções, e não apenas o assimilar do conhecimento social acumulado. O importante é que a criança desenvolva um conhecimento abrangente, crítico, inter-relacionado, significativo; que aprenda a conviver, partilhar problemas e buscar respostas, a relacionar o aprendizado com sua vida, em vez de apenas associá-lo a conteúdos sem sentido para ela.
Os livros e textos construídos juntamente com crianças, o estudo multidisciplinar, os jogos corporais e de regra e o convívio aberto de momentos livres têm um papel fundamental nessa metodologia. Caminhamos na via de descobrir o prazer de aprender ler e escrever, de encarar os desafios dos enigmas matemáticos, da essência histórica dos estudos sociais e das ciências.
Enfocamos a visão histórica da construção do conhecimento, a discussão de diferentes pontos de vista, o aprender a questionar, a ouvir e a considerar o outro, a ser flexível. Investimos na possibilidade de crescer lidando com as tensões e pressões inerentes ao aprendizado, expressando sentimentos, desejos, expectativas, medos, alegrias.
Valorizamos o processo próprio da criança, o perguntar e o responder e a sinceridade entre adultos e crianças, o inter-relacionar dimensões e possibilidades do saber de cada um, um ambiente de convívio para pensar, fazer e refazer, criar e recriar.
Trata-se, portanto, de uma visão sistêmica orientada por uma filosofia de educação aberta a processos de transformação e crescimento, tanto para os educandos quanto para os educadores.
Investimos, assim, num ser humano que busca sua felicidade e sua autonomia, que pode ter uma atitude criativa diante do aprendizado, da escola e da comunidade. Acreditamos em uma educação enraizada na direção de um mundo mais amoroso e ético.
Como Pensamos
Nossa escolha foi construir um projeto próprio, a partir de um grupo de ideias, como: aprender a aprender; relacionar áreas de conhecimento, arte e ciência; desenvolver metodologia e proposta pedagógica ao longo do trabalho prático com educandos e educadores; desenvolver uma práxis, acumulando um repertório significativo, que nos movesse ao encontro de dinâmicas criativas de trabalho; considerar as transformações do mundo e da educação, estudando e contribuindo com propostas concretas.
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Dentro disso, evidenciou-se como fundamental tratar com a diferença, com a busca de soluções específicas para dificuldades que surgem no processo ensino-aprendizagem. Evidentemente essas ideias que passam por sentimentos, valores e expressão, estão associadas a movimentos da educação, como a Escola Ativa, a Arte-Educação, o Construtivismo, a Pedagogia Crítico-Social e também a estudos de Psicanálise.
Ao longo dos anos, integrando prática e estudo, chegamos, então, ao triângulo de faces inseparáveis: Corpo, Convívio e Linguagem.
Ao pensar Corpo, não estamos nos referindo apenas ao aparato fisiológico, mas a uma construção propriamente humana, simbólica, com sentido e significado, observação e imaginação, memória e ação. Corpo que se faz na história do sujeito, onde desabrocha seu eu imaginário que é suporte de seu eu simbólico. Refere-se a um corpo de sensações, sede de prazer e desprazer, mas também a uma percepção categorizada em modelos ou esquemas, que pressupõe uma inteligência na ação interativa com o ambiente, portanto também ligada a laços afetivos e à linguagem. Corpo feito de ação e imagens mentais, conscientes e inconscientes, ligado concreta e abstratamente a um ou uma semelhante, quer dizer, a outro ser humano. Um corpo impregnado de desejo e medo, lembranças e fantasias, atravessado pela linguagem, que implica, portanto, pulsão e interação, contato e confronto.
Ao pensar Linguagem, não estamos nos referindo apenas à palavra e sua funcionalidade consciente, mas à forma como ela é enunciada, sua cor, seu calor, seu som, suas intenções conhecidas e desconhecidas. Não somente à linguagem das palavras, mas também a do movimento e do gesto; a linguagem das imagens, das formas e das figuras, dos ritmos e das melodias e da articulação entre todos estes significantes. Linguagens e suas possibilidades infinitas de combinações de emissão e recepção, de subjetividade e interdiscursividade, de criação de um campo de conflito e entendimento. Sejam estes campos os das reflexões existenciais ou das discussões científicas, sejam os das expressões artísticas ou das ações e pensamentos cotidianos.
Falamos de Linguagem como algo ligado à ação do corpo, aos jogos sociais, às teorias e suas várias descrições da realidade. Linguagem que faz florescer o convívio, os laços e confrontos afetivos, a imaginação e a representação. Linguagem que possibilita o logos, as narrativas que velam e retiram do velamento o ente sobre o qual se fala, cobrindo-o e des-cobrindo-o.
Ao pensar Convívio, não estamos nos referindo somente ao processo de socializar-se, de apropriar-se do que a cultura organiza e significa para a dinâmica das relações, mas também ao convívio no qual estamos imersos desde o primeiro momento de nossas vidas, sem o qual não sobreviveríamos, não nos faríamos indivíduos nem sujeitos desejantes, seres singulares com capacidade de contribuir socialmente.
Falamos de convívio que se abre horizontal e verticalmente, que requer momentos de contato conosco mesmos, assim como com grupos de mesma idade e/ou interesse próximos, e também com os diversos grupos de interesses diferenciados, em que nos inserimos. Falamos do processo no qual é possível brotar alegria, acolhimento e amorosidade ao mesmo tempo em que sofrimento, confronto e polêmica. Convívio aberto que exige paciência para constantes negociações, que busca abrir mão de critérios ideais de um bem universal e procura se referenciar no encontro possível entre desejos, na diferença. Convívio que pressupõe, portanto, corpo e linguagem, presença e debate, paixão e logos.
Se até então (desde 1984 até hoje) continuamos nos deparando com mudanças necessárias para o fluir da nossa proposta de construção de conhecimentos, é porque
provavelmente nunca chegaremos ao seu fim, quando esta poderia ser considerada completa ou terminada. Ao contrário disso, poderemos até, em algum momento à frente, chegar inesperadamente a uma nova formulação estrutural.
A dimensão que damos ao trabalho com o binômio arte-ciência na nossa escola pode ser representada pela escolha do sensível e do lúdico, e pela possibilidade de trazer também o científico de uma forma orgânica, adequada ao processo de crescimento da 1ª e 2ª infâncias, quando não há separação possível entre sentimento e pensamento, e da 3ª infância, quando o pensamento precisa de uma referência concreta.
É importante para nós que as crianças possam preparar-se para tomar decisões, aprender a renovar-se e redimensionar a realidade em que vivem, da forma mais equilibrada possível, para poderem contribuir para a transformação social. É importante dar-lhes sempre a oportunidade de sentir, pensar e julgar. Procuramos, por isso, conscientizar-nos de nossa moralidade, implícita em nossa organização, nosso currículo, nosso modo de tratar conteúdos e técnicas, nossa forma de promover relações humanas e produzir conhecimento. Procuramos tratar de forma objetiva, juntamente com as crianças, a dinâmica do convívio escolar e a ética que ela implica.
Como TRABALHAMOS
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educadores também exercitam o cuidar de todas as crianças, independentemente do grupo ao qual ela pertença. É quando os adultos estão posicionados nos diferentes espaços, disponíveis para contribuir com a interação livre entre as crianças.
É o momento do nosso trabalho
em que as crianças se misturam para brincar
livremente, podendo circular pelos espaços, manipular diferentes materiais, sendo acompanhadas pelas educadoras
e educadores, tanto professoras/es como auxiliares. É um exercício de convivência em que elas podem escolher do que brincar, com quem e onde. É quando as educadoras e
Os elementos do espaço e os materiais escolhidos para o dia são o referencial da criança neste momento. O referencial do adulto é o interesse da criança, seu confronto com a realidade dos limites espaço-temporais e sociais, necessários a qualquer fluir, como rio que não corre sem as margens. É função dos adultos cuidar da segurança do livre deslocamento, dos movimentos e desafios dos jogos e brincadeiras, das conversas e trocas de brinquedos.
Na Hora Livre, permitimos e organizamos, juntamente com as crianças, a inclusão de seus
brinquedos e objetos pessoais, que tem resultado em um exercício de fazer e refazer
a ponte casa-escola, de dar um tempo/espaço para a expressão da singularidade
pessoal e ao mesmo tempo um tempo/espaço para a construção de
referências sociais para partilhar, emprestar,
devolver, guardar, trocar.
A Hora Livre, de certa forma, resgata a experiência de brincar do quintal, da calçada e dos momentos de lazer junto à família ampliada, hoje mais dispersa. Trata-se de recuperar essa oportunidade enriquecedora e insubstituível de troca entre os pares; de favorecer a descoberta de afinidades, interesses e buscas comuns entre crianças de diferentes idades; de aprender a conviver, lidar com conflitos e diferenças, construir vínculos.
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HORA LIVRE
HORA DO GRUPO
É o momento em que as crianças de uma mesma ou próxima faixa etária estão juntas com suas professoras ou professores, o momento do adulto propor atividades de observação, experimentação e estudo, procurando respeitar o espaço e o ritmo de cada criança, ao mesmo tempo em que
As dinâmicas variam e os trabalhos podem ser desenvolvidos individualmente, em duplas, em pequenos grupos ou envolver toda a turma. As propostas podem ser diversificadas e assumir a forma de Oficina. Podem ser desenvolvidas a médio ou longo prazo e assumir a forma de Projeto. Além disso, o adulto pode oferecer à criança uma atividade alternativa àquela que o grupo, como um todo, estiver realizando.
Durante a Hora do Grupo, a organização das crianças maiores em mesas coletivas, (prática comum apenas da Educação Infantil), significa continuar favorecendo a interação entre as crianças, para que possam compartilhar suas produções, ajudar-se umas às outras, para que possam também fazer trabalhos em pares, trios ou quartetos.
Também a conversa com todo o grupo, na Roda, é preservada por nós, no Ensino Fundamental. É um momento diário de encontros de todos, quando se estabelecem acordos e planejam-se estudos e passeios; quando se revisam exercícios; quando se lê, se pode ouvir e comentar diferentes tipos de textos. A Roda é o momento do grupo todo estar junto, em “pé de igualdade” (crianças e adultos sentados no mesmo plano, de modo a todas as pessoas poderem ser visíveis umas às outras) e focado em algo comum, um tempo/espaço que enriquece cada criança, incentivando-a a posicionar-se diante de ideias, informações e situações do coletivo.
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considera a combinação peculiar de cada grupo, em seus interesses e questionamentos. São realizadas sondagens (sobre o que cada criança sabe, quais são suas dificuldades, quais são seus interesses com relação a um assunto, uma época ou uma técnica) nas diversas áreas de conhecimento para, somente depois, serem construídos os planejamentos das unidades de trabalho.